Nesta
sexta-feira, 01 de novembro, mais de 300 profissionais da educação da rede
municipal de Várzea Grande, em greve por tempo indeterminado desde o dia 22 de
outubro, realizaram uma Caminhada pelo centro da cidade. A caminhada foi para
chamar a atenção da população varzeagrandense para o descaso do prefeito
Wallace Guimarães e do secretário de educação Jonas Sebastião com a educação.
Os 300
manifestantes caminharam da Praça Pedro Pedrossian (próximo a Loja da Todimo)
até a Praça da Igreja Nossa Senhora do Carmo com faixas, cartazes com frases
denunciando a falta de infraestrutura das escolas, a falta de merenda, a não
aplicação dos 25% da arrecadação do município na educação, conforme determina a
Constituição Federal, já que a Lei Orgânica do município prevê 30% e
principalmente denunciar o não atendimento as reivindicações da categoria.
Segundo o
presidente do Sintep/VG, Gilmar Soares Ferreira, a caminhada é para alertar a
população sobre as mentiras do Secretário Jonas nos meios de comunicação quando
diz que já foram atendidas as reivindicações da categoria. “A categoria tem uma
pauta estruturante que é a revisão da Lei de Plano de Carreira, Cargos e
Salários. Exigimos a definição da data base, pagamento da Hora de Trabalho
Pedagógico (HTP), reconhecimento do Pró-funcionário e também a definição do
Piso Salarial (há dois anos sem reajuste). Hoje um professor ganha apenas R$
906,00 e um funcionário apenas o salário mínimo”, afirmou o professor Gilmar
durante a caminhada pelo centro de VG.
Denúncias
A
caminhada também foi um momento para denunciar à sociedade a falta de merenda
escolar nas escolas que está à base de abóbora, vinagre e bolacha (apelidada de
bolacha pedagógica). “Nenhuma criança é educada comendo só abóbora e com a
escola correndo o risco de desabar na cabeça de uma criança”, desabafou a
professora Adriana Alves da Rocha que atua no CMEI Lucimar Sacre de Campos.
Já na
CMEI Mariana Rodrigues Azevedo, citada como exemplo, foram entregues, na semana
passada, para servir 60 crianças, 11 laranjas (3 estavam estragadas), mamão
verde e maçã madurada a força (colhida fora de época). Os professores também
relataram, com muita indignação, que a escola havia solicitado um freezer ou
uma geladeira para a conservação do leite, para a SME. O órgão burocrático
passou quase o ano todo licitando, porém quando a comunidade se mobilizou e
através de doações compraram o tão esperado freezer, receberam a visita da SME
para fazer o documento de doação à secretaria de educação.
Articulações
políticas
O
presidente do Sintep/MT, durante os informes no final da caminhada, em frente a
Praça da Igreja N. Sra do Carmo, relatou os contatos com o Deputado Federal
Ságuas Moraes, que estava no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), buscando liberação de recursos para a construção de escola e creches no
município, assumiu o compromisso de colocar na mesa durante audiência com
o prefeito Wallace a necessidade de aprovar o PCCS da categoria.
“Um dos
requisitos que o FNDE, ante a assinatura do PARs – Planos de Ações Articuladas
(União, Estados e Municípios) exige para a liberação de recursos para os
municípios, a aprovação e/ou reestruturação
dos Planos de Carreiras”, afirmou o professor Gilmar Soares. Para o presidente,
é uma contradição a rede municipal de VG buscar recursos no Governo Federal,
quando não cumpre com preceitos constitucionais de aplicação dos 25% previstos
na educação, frizou.
O
professor também relatou a conversa telefônica que fez com a secretária
estadual de educação, Rosaneide Sanches, sobre os convênios com o município,
que fazem parte no Plano de Ação Articulado (PAR) assinado pelo prefeito
e secretário. Uma dos critérios exigidos pelo PAR é a aprovação da Lei de
Gestão Democrática. “Portanto, o município precisa ter uma lei de Gestão e
a categoria exige a revisão da atual pois é ultrapassada e não atende a nova
realidade de reconhecimentos dos/as funcionários de escola como profissionais da educação” , relatou o
professor Gilmar Soares Ferreira.
Gilmar comentou a importância do contato com o Ministério Público. “Vamos
conversar com os pais e mães para que busquem o
Ministério Público para cobrar uma solução para a falta de aula
nas escolas e a falta de merenda, e também de estruturas das unidades
escolares”, afirmou o presidente do Sintep/VG.
O
presidente lançou um desafiou para o prefeito e secretário que entre com
o pedido de Ilegalidade da Greve na justiça. “Porque não fizeram isso, já que
estamos completando duas semanas de greve e dizem que já atenderam nossa pauta.
O que estão esperando para pedir a ilegalidade da nossa greve?”, desafiou o
dirigente do sindicato, diante das crescentes dívidas o executivo vem
contraindo com a categoria, inclusive não pagar o piso nacional dos professores
de 2013.
A
secretária de assuntos jurídicos do Sintep/VG, Cida Cortez, cobrou a
responsabilidade dos vereadores. “Queremos também lembrar que os vereadores
estão acomodados. Queremos lembrar que o Tribunal de Contas do Estado já fez
uma alerta ao município que não aplica os 25% da arrecadação na educação. Então
senhores vereadores como podem fazer vistas grossas. O que está sendo feito com
os recursos da educação? Já que nas escolas estão servindo abóboras”,
questionou Cida, cobrando dos vereadores que saiam do comodismo político e se
posicionem cobrando do prefeito e do secretário mais respeito aos
trabalhadores da educação.
Mobilização
Na
segunda-feira (04/11), iniciando a terceira semana de greve, a categoria realiza
Ato Público na porta do Gabinete do Prefeito Wallace. A concentração está
marcada para às 7h30. Após o
ato serão formadas equipes para visitar as escolas que ainda não aderiram ao
movimento.
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