Baixo atendimento em creche e pré-escola em Várzea Grande revela TRAGÉDIA para quem vive em extrema pobreza

Filas nas portas das escolas para matricular os filhos/as,
no início do ano

A Rede de Televisão TVCA, afiliada da Rede Globo em MT, veiculou neste mês de julho, matéria que retrata o baixo atendimento das crianças em Várzea Grande em creches e pré-escolas com a matéria “Prefeituras podem perder recursos por não apresentar dados sobre creches”. (http://g1.globo.com/videos/mato-grosso/bom-dia-mt/t/edicoes/v/prefeituras-podem-perder-recursos-por-nao-apresentar-dados-sobre-creches/2695074/) Além da falta de vagas, a matéria também retratou a  baixa qualidade do atendimento nas 18 creches municipais mais as 10 creches conveniadas pelo poder público.

Manifestação na porta a SME por mais vagas nas escolas em VG

Para o Sintep Subsede de Várzea Grande, o problema do atendimento das creches e pré-escolas, pelo baixo número de alunos atendidos, ganha contorno de dramaticidade para as famílias que vivem na extrema pobreza, o que a reportagem não revelou. 

Segundo o Censo de 2010, em Várzea Grande havia 1.110 crianças de 0 a 3 anos na extrema pobreza não frequentando a creche, o que representa 88,3% das crianças extremamente pobres nessa faixa etária (1.258 crianças). Já entre as crianças de 4 e 5 anos, havia em 2010, 252 crianças fora da escola, 39,9% das crianças extremamente pobres nessa faixa etária, de um total de 631 crianças.

Para o presidente do Sintep/VG, Gilmar Soares Ferreira, Várzea Grande pouco avançou no atendimento da creche e da pré-escola entre 2010 e 2012. “Os números apontam que em 2010, tínhamos 1.077 crianças na creche em nosso município. Em 2011, matriculamos apenas 102 crianças a mais (1.179) e em 2012, matriculamos 1454 crianças. Um crescimento tímido, se considerarmos o universo de crianças em extrema pobreza em 2010 (1.258 crianças).

Na pré-escola, a situação se repete. Em 2010 tínhamos 5.237 crianças matriculadas. Em 2011 chegamos a 5.625 e em 2012 matriculamos 5.690 crianças.  Tanto na creche, quanto na pré-escola, é um crescimento tímido, frente a uma população medida pelo IBGE na faixa etária de 0 a 4 anos, de mais de 20 mil crianças”, analisa o professor.

O SintepVG vem fazendo estudos do atendimento da demanda em Várzea Grande e afirma que as filas que se formam nas creches todo inicio de ano e as longas listas existentes nas unidades, advém da inversão de prioridade no atendimento da demanda de matrículas pelo município de Várzea Grande. Ao invés do município atender a creche e a pré-escola, o município de VG vem assumindo, quase que sozinho a demanda dos anos iniciais do ensino fundamental, que deveria ser atendida pela rede pública estadual.

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1.º ao 4.º ano) o município de VG atende a 13.461, enquanto o estado atende a  5.384 alunos. A situação nos anos finais se inverte: o estado atende a infinita maioria 14.297 enquanto o município atende a 1.178 alunos.

Há mais de 10 anos, o Sintep/MT vem denunciando a perversa municipalização do ensino fundamental, anos iniciais,  quando o Governo do Estado deixa de atender principalmente os alunos dos anos iniciais para ficar somente com os alunos dos anos finais do ensino fundamental, causando graves prejuízos financeiros ao município. Para o professor Gilmar Soares Ferreira,  essa prática perversa da rede estadual de repassar os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, condena milhares de crianças a não frequentarem a creche e a pré-escola na idade de 0 a 5 anos em MT.

O Governo do Estado de MT e por subserviência, os governos municipais, são diretamente responsáveis por essa tragédia, afirmou o professor Gilmar. Ao Governo do Estado obrigar o município a atender o Ensino Fundamental, pouco sobra de dinheiro para o município construir creches, matricular os pequeninos, alimentá-los adequadamente e promover as condições profissionais e salariais para os  professores e funcionários bem atender os pequenos na creche e pré-escola.

Direção do SINTEP/VG , pais e mães no Ministério Público  cobrando vagas para os/as filhos/as

O SintepVG, neste início de ano de 2013, denunciou a rede municipal de VG por fechar salas de aulas do 4.º e 5.º anos. “Buscamos envolver até o Ministério Público para forçar um planejamento no atendimento das matrículas entre a Rede Estadual e a Rede Municipal”, frizou.  “Se o Governo do Estado não colaborar, não assumir sua responsabilidade,  o drama das crianças de Várzea Grande vai virar tragédia, em que serão eles, os pequeninos, principalmente aqueles em extrema pobreza que vão pagar essa conta”, vaticinou o presidente da subsede.